Cerca de 200 religiosos lavaram nesta quarta-feira a rampa principal do Congresso Nacional para "purificar" a sede do Legislativo brasileiro. Depois da crise política que atingiu o Senado nos últimos meses, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), autorizou os adeptos de religiões afro-brasileiras a lavarem a rampa como ato comemorativo ao Dia da Defesa da Tolerância Religiosa.
Vestidos de branco, com turbantes africanos, os religiosos lavaram a rampa ao som de atabaques e músicas afro. Um cordão de policiais legislativos não permitiu que o grupo chegasse ao alto da rampa. A lavagem ocorreu na primeira etapa da rampa, que dá acesso à entrada principal do Congresso --ao lado das cúpulas brancas que representam a Câmara e o Senado.
O pai de santo Sílvio de Xangô, um dos responsáveis pelo ato em frente ao Congresso, disse que o objetivo da lavagem é levar paz e harmonia ao Legislativo. "É um ato de purificação que traz paz, harmonia e prosperidade ao Congresso", afirmou à Folha Online.
Os religiosos se reuniram com Sarney ontem para pedir autorização formal do presidente do Congresso para a lavagem. A rampa foi lavada com água de alfazema e de flor de laranjeira, como tradicionalmente ocorre nos atos religiosos em igrejas do país --especialmente na Bahia.
Além da lavagem, os manifestantes realizaram uma caminhada pela Esplanada dos Ministérios em defesa da liberdade religiosa.
O ato em frente ao Congresso encerrou as manifestações, na capital federal, pelo Dia da Defesa da Tolerância Religiosa.
Sílvio de Xangô disse que o objetivo do ato não foi político, mas sim "religioso e cultural". "É uma busca em prol de políticas públicas, que traz paz e harmonia", afirmou o pai de santo.
Lavagens
Lavagens
No Brasil, há a tradição de se lavar escadarias de igrejas como um ritual de purificação do local. Em Salvador (BA), ocorre tradicionalmente a lavagem das escadas da Igreja do Senhor do Bonfim --sempre realizada na segunda quinta-feira depois do Dia de Reis, no mês de janeiro.
Na celebração, todos se vestem de branco e percorrem oito quilômetros em procissão.
O ponto alto da festa ocorre quando as escadarias da igreja são lavadas por cerca de 200 baianas, vestidas a caráter, que despejam água nas escadarias ao som de palmas, toque de atabaque e cânticos de origem africana --como ocorreu em frente ao Congresso.
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